24.2.03

Dia de Gibi Novo: Global Frequency 3 e 4

Warren Ellis é um gênio. Mesmo que volta e meia eu perceba uma ou outra limitação nos personagens e na caracterização (como o lance dos cigarros, né Paolo?) não dá para negar que ele sabe muito bem transformar idéias disparatadas em formatos e histórias comerciais. Global Frequency mostra isso melhor que qualquer outra coisa.

Mesmo que as histórias não prestassem - e não é o caso - só o formato já justificaria o adjetivo do parágrafo anterior. Doze edições, cada uma ilustrada por um artista. Cada uma com uma história completa, ligada às outras apenas pela premissa e pela continuidade dos personagens. Um formato tremendamente comercial para os quadrinhos, facilmente adaptável para outros meios e que permite matar personagens e explorar idéias à vontade.

E que idéias! Depois da bomba ambulante e do ciborgue das primeiras edições, Ellis fez dois remixes muito espertos de idéias batidas da ficção: a invasão alienígena e os terroristas com exigências.

Em Invasive (desenhos de Steve Dillon) os alienígenas são uma idéia. Um meme codificando os padrões de comportamento dos ets. Algum pobre coitado baixou enquanto procurava vida alienígena no Seti, só para ser o primeiro membro de alguma coisa parecida com uma colméia. Miranda Zero e membros selecionados da Global Frequency entram em ação, mostrando que Ellis pesquisou o assunto.

Heaven's One Hundred (ilustrações de Roy A. Martinez) não tem pesquisa certa. Cem membros de uma organização mal treinada - que me lembrou aquele pessoal de Waco - tomaram um prédio em Melbourne. Só dois membros da Global Frequency estão na cidade. Seguem cenas de ação tão espetaculares quanto as de Planetary 13 ou do primeiro arco do segundo volume de The Invisibles - coisas no quilo de Matrix.

De tempos em tempos, tem uns quadrinhos que me deixam nervoso. Pelas idéias boas, pela execução e pela simples inveja do escritor. Global Frequency e The Filth são os que estão me enervando ultimamente.